Nesta edição de sua coluna, Raquel Rolnik fala sobre a chamada habitação de interesse social, especialmente perto das estações de Metrô, de trem e dos corredores de ônibus, unidades residenciais com preços de até R$ 350 mil e que conheceram um grande crescimento nos últimos anos. De acordo com a colunista, a maior parte delas está fora dos eixos de transporte e mais na direção das periferias. “Particularmente, nos eixos, os apartamentos são muito menores, muito mais caros, com a média de 30 metros quadrados, e basicamente foram comprados por investidores para colocar no mercado de aluguel.”
Na tentativa de resolver esse imbróglio – moradias nas mãos de investidores em vez de comercializadas para habitação popular -, a Prefeitura baixou um decreto que, segundo Raquel Rolnik, saiu pior do que o soneto. “O decreto, que era para resolver isso, na verdade acomodou os interesses desses investidores, que estão concentrando essas unidades para negócio, para finanças, e dizendo o seguinte: ‘Não, tudo bem, pode comprar um monte para alugar, mas aí vai ter que provar que está alugando para habitação de interesse social’. Sinceramente, esse decreto realmente, na verdade, resolve a situação para os grandes investidores, mas absolutamente não resolve a enorme crise habitacional que está na cidade de São Paulo e continua sendo uma fraude”.
Foto: Renato Araújo/Agência Brasília.