A questão habitacional é um problema antigo no Brasil, remonta do período colonial e persiste até hoje. Apesar de ser um direito fundamental garantido constitucionalmente, o acesso à moradia vem sendo constantemente negligenciado e negado para grande parte da população.
A carência habitacional é resultado da extrema desigualdade social existente no país e de um projeto de expansão urbana ancorado na segregação socioespacial como sinônimo de modernização e progresso. Sem uma renda adequada, grande parte das famílias não possui acesso a uma moradia com condições mínimas de habitação e segurança, fazendo com que muitos sejam esquecidos e colocados à margem da sociedade em favor da especulação imobiliária que aumenta desenfreadamente.
A lógica do mercado imobiliário, no qual os custos de compra de terras e imóveis são demasiado altos, associada à carência de políticas públicas eficientes no campo habitacional, fazem com que a aquisição da casa própria seja praticamente impossível para as camadas mais pobres da população, renegadas a viver de modo precário, sem acesso adequado a infraestrutura urbana, como transporte, educação, saúde e lazer.
Em razão disso, a luta por moradia no Brasil se insere como uma importante e histórica bandeira dos movimentos sociais e se materializa por meio de ocupações de imóveis e terrenos desocupados ou sem função social por um lado e através da institucionalidade por outro.
Nesse cenário, as mulheres, não por acaso, têm se inserido como líderes nesse processo, mostrando não só o avanço de uma luta feminista classista e pelo direito à cidade e à moradia, mas também a feminilização da pobreza.
Foto: retirada da reportagem.