Estudo recém-publicado revela: cidadãos de bairros segregados têm piores indicadores de sono, essencial para uma saúde digna. Medo da violência, falta de estrutura pública e de locais de convivência estão entre os motivos que fazem os mais pobres dormirem pior

A falta de capacidade de dormir bem, sonhar, lembrar e compartilhar está na origem de nossa crise socioambiental, defende o professor e neurocientista Sidarta Ribeiro. E embora o sono esteja escasso para pessoas de todas as origens, também há desigualdade no dormir. É o que mostra um estudo encabeçado por pesquisadores ligados ao Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde da Fiocruz. Eles buscaram descobrir se o local de moradia influencia na qualidade do sono da população. Suas análises e conclusões foram publicadas na edição mais recente da Cadernos de Saúde Pública, revista ligada à ENSP/Fiocruz, parceira editorial de Outra Saúde.

A conclusão principal é de que moradores de zonas residenciais segregadas têm, de fato, índices piores. Têm mais chance de dormir uma quantidade de tempo insuficiente, ter privação de sono e sonolência diurna. Os pesquisadores entrevistaram mais de 9,9 mil pessoas, servidoras públicas e aposentadas de seis capitais brasileiras, de estados do Nordeste, Sudeste e Sul. Definiram a “segregação residencial” com base nos indicadores de renda, tamanho da família e composição étnico-racial.

O ambiente físico onde vivem os cidadãos também influencia, enquanto “englobador da arquitetura e do planejamento da cidade como a conectividade das ruas, calçadas, áreas residenciais e comerciais, disponibilidade de alimentos saudáveis e espaços sociais”. Ele afeta a mobilidade urbana, a prática de atividade física e a coesão social – fatores importantes para melhorar o sono.

Fonte: https://outraspalavras.net/outrasaude/moradia-e-sono-a-quem-e-permitido-dormir-melhor/

Foto: retirada da reportagem.

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