“Na década de 1980, em plena crise econômica, desemprego e ruína dos sistemas financeiros imobiliários, se expandiu enormemente ao oferecer um produto acessível para as classes médias, porque situado nas periferias das áreas mais valorizadas da cidade, mas marcado pelos signos da exclusividade, distinção e segurança. Assim como o shopping center – aliás, seu primo-irmão destinado a usos comerciais e culturais – o condomínio oferece a possibilidade de não ter que compartilhar as dimensões coletivas da vida urbana com o outro, seja ele o pobre, o preto, o morador de rua, o sem-teto. Arquitetados pelo complexo industrial e cultural do medo, os condomínios se parecem muito com as bolhas da internet no espaço virtual: ignoramos este outro, a quem basicamente odiamos e de quem temos que nos defender”.

“Um dos primeiros condomínios implantados na Barra da Tijuca, o Vivendas da Barra está localizado numa região que hoje é uma das principais frentes de expansão da zona sul do Rio de Janeiro. E, embora ocupado por condomínios e shoppings, não tem implantados os sistemas de água e esgoto. Assim, nesta região marcada pela presença de lagoas e canais que se comunicam com o mar, o esgoto não tratado polui os canais e por vezes, com as marés, invade o mar”.

“Com patente precariedade urbanística – aliás a própria figura do condomínio é ilegal, por não existir na lei que rege os parcelamentos do solo no país – é morada de um traficante, um miliciano, um envolvido na Lava Jato e um presidente da República. Essa nos parece uma bela expressão das novas configurações do poder urbano, na qual reina a ilegalidade como negócio e se privatiza o que é público sem cessar, pouco importando os rios, as lagunas e o mar”.

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