“O que aconteceu em Paraisópolis não é uma exceção, há anos que os bailes/pancadões das periferias e favelas são reprimidos com extrema violência policial. O governo do Estado e o poder judiciário continuamente fazem vista grossa para esse tipo de violência. Mais que isso, existe um movimento para legitimar esse tipo de ação, com a tentativa em nível federal de criminalizar o funk e ampliar o excludente de ilicitude. As narrativas que reforçam a ideia de que a violência é o caminho é ainda mais assustadora no momento em que o presidente da República e o ministro da Justiça tentam aprovar leis que isentam previamente policiais de culpa e em que o governador afirmou que a partir de sua posse, a polícia só ia atirar para matar”.

“É preciso dizer, portanto, que esses bailes ocorrem onde e como ocorrem simplesmente porque não há espaço na forma como a cidade é pensada e executada para que ele exista. Se houvesse, teria como pano de fundo a tentativa de “pacificar”, de enquadrar em um padrão aceito pela branquitude. A branquitude, em resumo, é a forma hegemônica que impõe parâmetros do certo e do errado. Foi a branquitude, por exemplo, que classificou (e classifica) os negros como marginais, e suas manifestações culturais como profanas ou imorais. É a mesma branquitude que define os povos que habitavam o Brasil antes da colonização como preguiçosos porque os homens resistiram ao trabalho agrícola, um tipo de trabalho que em suas culturas, era considerado atributo de mulheres. Ou seja, a classificação da branquitude do que é certo aniquila as formas essenciais de vida daquelas comunidades e determina a forma como os indígenas são tratados até hoje”.

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