Espaços maiores e mais organizados, com melhores condições de ventilação e iluminação, concebidos com materiais mais duráveis. Sem custar um centavo a mais por isso, essas são algumas das vantagens que os ambientes construídos com a participação de seus moradores apresentam em relação às construções realizadas através de processos não participativos, conforme aponta a arquiteta e pesquisadora Paula Noia em sua tese de doutorado, Participação e qualidade do ambiente construído na habitação: processo e produto no programa Minha Casa Minha Vida – Entidades.
De acordo com a arquiteta, existe uma vasta bibliografia que trata da importância dos processos participativos na construção de moradias populares para a emancipação social e política de seus usuários, mas há pouca pesquisa empírica que demonstre, sob o viés da arquitetura, de que modo isso pode influenciar na qualidade dos espaços físicos construídos. “A gente sempre ouve que ‘a participação é melhor’, mas temos poucos dados que demonstram o quão melhor é ou se, de fato, ela melhora os espaços do ponto de vista arquitetônico”, comenta Noia.
A pesquisa demonstra que o fato de os usuários estarem envolvidos com a construção de suas moradias — desde o momento de escolha do terreno e dos materiais a serem utilizados na obra — possibilita um melhor uso dos recursos públicos empregados. Com a mesma verba, foram comprados materiais de melhor qualidade, construídas torres mais planejadas e com áreas úteis 20% superiores e viabilizados espaços destinados ao lazer maiores e mais qualificadas.
Com a análise realizada, a pesquisa comprova, portanto, uma hipótese antiga de que ambientes construídos com a participação de seus moradores são melhores do que aqueles construídos de forma convencional. “Eles conseguem fazer milagre. Com a mesma quantidade de dinheiro, eles constroem apartamentos de qualidade nitidamente superior”, analisa a pesquisadora.
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