Por Marcelle Stephanie Ferreira Conegundes / Ex-Bolsista do Projeto de Extensão RE-HABITARE (UFMG)

Na movimentada rua Rio de Janeiro, no centro de Belo Horizonte, 200 famílias lutam pelo acesso à moradia adequada. A ocupação Carolina Maria de Jesus, que teve início em setembro de 2017, em um prédio que não cumpria sua função social na Avenida Afonso Pena, é um grande modelo de resistência na luta por direitos e faz parte de um  importante processo na luta pela reforma urbana no país. Em 2018 gravamos um vídeo com os moradores da ocupação, que se destaca não só por se localizar em uma área central, como também pela forte presença de mulheres na ocupação. 

Segundo informações da pesquisa Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em 2015, 40% dos lares brasileiros são chefiados por mulheres. Uma vez que, nos últimos anos, as ocupações urbanas tornaram-se a estratégia mais utilizada pelas classes subalternas para suprir a necessidade de moradia, tal percentual explica o protagonismo feminino nos espaços dos movimentos sociais pela luto por moradia. 

Durante o vídeo, tivemos a oportunidade de conversar com Sônia Lopes, que é mulher transsexual, que após seis anos institucionalizada em Belo Horizonte, ao atingir a terceira idade viu-se sem condições de acesso à moradia. 

“Me vi na obrigação de recorrer à minha família, o que não deu certo. Então aluguei uma quitinete no Barreiro, mas a dona da quitinete também não me aceitou por causa da minha sexualidade e gênero. Então alguns amigos LGBT me indicaram a ocupação Carolina Maria de Jesus.” comenta Sônia, que, diante de sua vulnerabilidade, foi acolhida em caráter emergencial pela coordenação da ocupação, composta por integrantes do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas – MLB.  

Além do relato de Sônia, há outras conversas com moradores, e uma perspectiva sobre luta, resistência e organização interna da ocupação.

Assista ao vídeo em: Rehabitare UFMG

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