As cidades são, por excelência, lugares de aglomeração. Por isso, sempre foram os focos preferenciais das epidemias. Suas condições físicas e sanitárias – alta densidade populacional, saneamento deficiente, moradias superlotadas e intensos contatos entre as pessoas – propiciam a proliferação de doenças contagiosas, tanto do aparelho respiratório como do digestivo.

O médico inglês John Snow —o pai da epidemiologia moderna que, em 1854, descobriu que o cólera-morbo se propagava através da água contaminada pelo esgoto— verificou a forte correlação entre a disseminação dos vírus e a moradia. “Era entre os pobres, com famílias que viviam, dormiam, cozinhavam, comiam e se asseavam juntas em um único cômodo que o cólera se expandia”.

Além de impactar a vida urbana, as epidemias também impulsionaram políticas públicas estruturantes. Entender os impactos da Covid-19 nas cidades e formular estratégias para enfrentar os novos desafios é fundamental. É o que propomos neste artigo, iniciando por uma breve revisão histórica da relação entre as epidemias e as cidades.

A peste negra dizimou cerca de um terço da população europeia no século 14, gerando forte impacto social e urbano. Reduziu drasticamente o número de trabalhadores na agricultura, ampliando as pastagens e as florestas. Abalou o regime de servidão. Nos burgos e nas cidades, interrompeu o renascimento urbano, comercial e cultural da Baixa Idade Média, que levou décadas para se recuperar.

As pandemias do século 19 foram decisivas para impulsionar a regulação urbanística e a habitação social. Na esteira da intensa urbanização provocada pela revolução industrial, surgiram várias epidemias, agravadas pelas péssimas condições sanitárias das cidades.

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