Um levantamento da ONG Habitat para a Humanidade Brasil revela que mulheres negras precisariam de até 184 anos – o equivalente a sete gerações – para conseguir comprar uma casa própria em favelas brasileiras. O estudo “Sem moradia digna, não há justiça de gênero” reúne dados coletados ao longo de cinco anos e expõe como as desigualdades de gênero dificultam o acesso à moradia adequada, ampliando a pobreza e a vulnerabilidade social.

O estudo aponta que o déficit habitacional no Brasil atinge 6,2 milhões de domicílios. Além disso, 26,5 milhões de lares enfrentam inadequações habitacionais, como infraestrutura precária, insegurança fundiária e falta de condições mínimas de moradia, conforme indicam dados da Fundação João Pinheiro. Entre os lares em situação de déficit habitacional, 62,6% são chefiados por mulheres, evidenciando a vulnerabilidade feminina na luta por moradia digna.

O levantamento destaca que a feminização da pobreza obriga muitas mulheres a destinar 30% de sua renda ao pagamento de aluguel, ao mesmo tempo em que recebem salários menores, trabalham em jornadas exaustivas e acumulam responsabilidades com cuidados não remunerados. A violência doméstica e familiar também agrava essa realidade.

Raquel Ludermir, Gerente de Incidência Política da ONG Habitat para a Humanidade Brasil, ressalta que a moradia digna é essencial para garantir qualidade de vida. 

“Sem moradia digna, as mulheres pagam um preço alto, que compromete sua saúde, sua possibilidade de estudar, trabalhar e sonhar com um futuro melhor. Um futuro digno precisa ser um direito desta geração, e não apenas da oitava geração daquelas que lutam hoje”, afirma.

Fonte: Alma Preta

Foto: retirada da reportagem.

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