Memórias que remontam 80 anos. Dona Raimunda nasceu no Poço da Draga, na Praia de Iracema, em Fortaleza, e lembra bem como era a comunidade. “Antigamente as nossas casas eram todas de madeira e o trem passava aqui. Os navios atracavam aí”, fala saudosa apontando para o mar em frente à ruela simples, perto da Ponte Velha.

Hoje o Poço da Draga, com 119 anos, tem mais de 500 casas, mas um receio antigo continua atual: o medo da expulsão. “Como aqui é Centro, a qualquer momento a gente pode ter esse problema de tirarem a gente daqui. Aqui é valorizado, dá dinheiro” afirma a idosa.

A regularização fundiária é uma das lutas históricas da comunidade. A garantia do “papel da casa” e de melhorias básicas estruturais, como saneamento, em comunidades mais vulneráveis é uma das previsões do Plano Diretor de Fortaleza, principal lei de planejamento urbanístico da cidade. A legislação trata de questões urgentes como o desenvolvimento urbano sustentável, o uso do solo e o crescimento desordenado.

“A sociedade civil, as diferentes entidades de classe, movimentos sociais, os diferentes setores da economia, é fundamental que eles participem” enfatiza o professor Renato Pequeno, coordenador do Laboratório de Estudos da Habitação da Universidade Federal do Ceará (UFC).

“O plano vai apontar, por exemplo os caminhos que vão ser adotados pelo município para enfrentar as suas desigualdades socioespaciais, quais vão ser os caminhos para que a gente possa viver numa cidade ambientalmente mais saudável, que a gente possa viver numa cidade que tenha melhores condições de mobilidade urbana”, defende Renato Pequeno.

Também houve aumento no número de Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis) de assentamentos do tipo favela (tipo 1), que devem sair de 45 para 87.

É o caso, por exemplo, do Poço da Draga que é uma Zeis prioritária.

Já de acordo com Artur Bruno, a promessa é que as comunidades não sejam mais removidas e consigam ter o básico onde vivem. “Com as regras, de acordo com o plano, a população vai ter o seu papel da casa, vai poder fazer sua reforma, uma construção sem ser retirada daquela área”.

Outra novidade é a criação da Zeis de Reparação de Danos, que prevê infraestrutura para regiões historicamente vulneráveis e marginalizadas. É o caso dos Conjuntos Habitacionais José Euclides e Luiz Gonzaga, no bairro Jangurussu.

Foto: retirada da reportagem.

Fonte: G1

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