Nas grandes cidades brasileiras, é visível, quando não gritante, que há mais gente vivendo nas ruas. Em São Paulo, censo recém-divulgado pela prefeitura detectou aumento de 31% entre 2019 e o ano passado, mas nem esse percentual dá conta da realidade, pois ainda existe muita subnotificação. Um quadro em que se misturam desemprego elevado, renda em queda e inflação acentuada do aluguel.

Nas grandes cidades brasileiras, é visível, quando não gritante, que há mais gente vivendo nas ruas. Em São Paulo, censo recém-divulgado pela prefeitura detectou aumento de 31% entre 2019 e o ano passado, mas nem esse percentual dá conta da realidade, pois ainda existe muita subnotificação. Um quadro em que se misturam desemprego elevado, renda em queda e inflação acentuada do aluguel. E que provoca também mudança de perfil dos desalojados: “Agora você encontra mais famílias e crianças”, alerta Samuel Rodrigues, coordenador, em Minas Gerais, do Movimento Nacional de Pessoas em Situação de Rua. Ele, que já viveu 13 anos assim, conta como a ausência de políticas públicas está impondo a milhares de pessoas a necessidade de revirar lixo em busca de alimento. “O grito pela comida, neste momento, é o mais forte”. Na conversa com Renata Lo Prete, Samuel reforça a importância de pensar em moradia “não apenas como mercadoria, mas como serviço”, dentro da ideia de “housing first”, que gerou experiências exitosas em diversos países. Também entrevistado no episódio, o pesquisador André Luiz Freitas reforça que moradia é “o eixo condutor de acesso a outros direitos”, como saúde, assistência social e cultura. Professor e coordenador do programa Polos de Cidadania, da UFMG, ele explica como a carência de dados oficiais e confiáveis sobre a população de rua descumpre responsabilidades previstas na Constituição Federal e acaba resultando em “políticas de morte”.

Ouça o podcast em G1.

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