“Parece que o nosso direito está incomodando. O direito à moradia, o direito de ir e vir, o direito do meu filho estar na escola incomodam”. A fala de Poliana Campos, moradora da Vila Carrapato, no Aglomerado Santa Lúcia, ilustra a demanda apresentada pelos habitantes do local na audiência pública realizada pela Comissão de Direitos Humanos, Habitação, Igualdade Racial e Defesa do Consumidor nesta terça-feira (4/11). O encontro buscou debater as propostas apresentadas pela Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel) para atendimento das famílias residentes na ocupação. Os moradores da Vila Carrapato não aceitaram o auxílio-aluguel proposto pela prefeitura, argumentando que o valor de R$ 800 não é compatível com os aluguéis praticados atualmente. O diretor da Urbel, Marcelo Guabiroba, afirmou que o órgão aguarda uma contraproposta da Defensoria Pública com os desejos da população para retomar o diálogo e tentar um acordo. Solicitante do debate, Pedro Rousseff (PT) declarou que vai propor na próxima discussão do Plano Diretor, que se inicia em 2026, a remoção da Vila Carrapato da setorização de Área de Preservação Permanente para que a regularização se torne uma possibilidade.
Também conhecida como Vila São Bento, a Carrapato é uma das quatro vilas que integram o Aglomerado Santa Lúcia, que possui cerca de 15 mil habitantes. Pedro Rousseff destacou que o intuito da audiência pública foi colocar os moradores do local em contato com a prefeitura para buscar uma solução que atenda a população e esteja dentro das possibilidades do Poder Executivo. O parlamentar ainda ressaltou o alto valor dos aluguéis e a necessidade de se olhar com atenção para as pessoas que estão lutando por um direito constitucional.
Moradores da vila afirmaram que convivem com o medo de serem despejados e que não têm condições de pagarem aluguel para morar em outra região. Natalino Moreira Gomes, morador da ocupação há sete anos, declarou que a população do local luta por moradia digna e que o auxílio-aluguel não resolve a questão.
Foto: retirada da reportagem.
